14 de março de 2011

Adeus Fabio, até sempre....

Hoje escrevo aqui estas palavras em memória duma jovem vida que se perdeu no mar.

Aos familiares e amigos mais uma vez perdoem-me emergir novamente este trágico acontecimento. Se acharem por bem posso bloquear ou remover este tópico se assim o quiserem.

Gostava acima de tudo que com este tópico alguns dos mais afoitos ou sequeosos daquele troféu, pensem duas vezes antes de arriscar desnecessariamente.

Após conversas telefónicas com varias pessoas próximas deste jovem percebi que perda foi maior doque imaginara. Era como muitos diziam um jovem exemplar. Excelente pessoa, atleta, saudável, amigo, humilde, enfim... virtudes que por vezes custam a encontrar e aqui se perderam um pouco.


Naquele domingo, dia 6 deste mês combinei com a família que ia tentar fazer a "minha fisioterapia " da tarde, e la fui. Todo entusiasmado com as previsões que se confirmaram assim que cheguei à costa do norte como se pode ver na foto.



O mar era fabuloso! Nisto, chega um carro e vem um homem ter comigo a perguntar se tinha visto o moço que tinha o carro junto ao meu. Ao que respondi que não porque tinha acabado de chegar. Depois explicou que estavam à espera da sua presença na hora de almoço e até ao momento não tinha havido noticias. Depois percebemos que havia uma bóia de localização claramente vizível e com aspecto que poder ser a bóia do Fábio. Comprometi-me a entrar na água e inspeccionar a zona assim que possível e assim o fiz. Fiz alguns mergulhos rápidos junto à bóia mas não avistei o Fábio e fiz sinal para desencadear o alarme. Ainda tentei chamar a atenção a uma embarcação semi-rígida que passava, que depois se comfirmou ser o "Caica" que conhecia e tinha mergulhado com o Fábio.

Entretanto afastei-me e tentei abstrair-me da situação. Quando vi aproximar-se mais um mergulhador e a embarcação da capitania aproximei-me também e assim como o outro mergulhador voluntariamo-nos para colaborar nas buscas. Corri vários sítios complicados que costumam ser bons de peixe e nada. Até que o outro mergulhador conhecido como Franco, me chamou à razão que ele não se devia ter afastado tanto da bóia, e de facto assim foi.

Mal sabia eu que nesta foto que tirei quando cheguei ao local tinha fotografado a bóia do Fábio próximo do sitio onde este provavelmente já tinha falecido.

Quando estava juntamente com o Franco a aproximarmo-nos da bóia e da minha prancha, chega uma pessoa conhecida numa embarcação semí-rigida e que faz um mergulho penso eu, e vislumbra parte da cara do Jovem.

Pedi-lhe alguma orientação e nos dois mergulhos seguintes vi o arpão, a arma e o jovem dentro de uma pequena gruta que costuma abrigar sargos. A primeira coisa que vi através duma pequena janela do buraco, foi o arpão que se encontrava afastado do fundo, e deveria estar cravado na pedra. Percebi que nos primeiros mergulhos que tinha feito na zona tinha visto este mesmo buraco, mas como não tinha olhado para a zona do tecto, não me apercebi que la estava o arpão. No seguimento deste vi parte da arma junto ao tecto e mais ao fundo estava o Fábio. Volto à superfície e no mergulho seguinte encontrei a entrada mais alta por onde o Fábio estava numa posição que aparentava tentar sair do buraco. Estava tão próximo da superfície.... talvez a uns 4-5m de profundidade, solto e livre dentro do buraco. Neste breves momentos milhares de imagens correram a minha memória dos breves momentos que tinha falado com o pai do Fábio, dum miúdo novo que o acompanhava e uma senhora. E por momentos não tinha coragem para tocar naquele jovem sem vida com se fosse perturbar o seu descanso, e lembrei-me do que muitas famílias de pescadores sofrem na busca dos do seu sangue, mesmo sabendo que possivelmente não têm vida, até que o corpo é encontrado. Por mais que custe, é o ponto final numa história que sem fim é ainda mais dolorosa. E então, mesmo imaginado a dor que toda aquela gente iria sofrer avancei e tentei retirar o corpo do Fábio com todo o cuidado e respeito que me foi possível. Reparei em vários pormenores que para sempre ficarão gravados na minha memória. Os seus bonitos olhos claros, o seu fato muito bem conservado, o lastro bem colocado, 2 ou 3 sargos de bom tamanho na cintura com um fio eléctrico, umas bonitas barbatanas de carbono praticamente novas, enfim...Tantos pormenores que nada podiam mudar.

Lanço aqui mais uma vez uma chamada de atenção a todos os pescadores sub que nenhum peixe vale sequer o risco de uma vida. E que mesmo que seja a nossa, ela vale muito mais para aqueles que gostam de nós doque para nós próprios.

Desfrutem do mar e dos momentos maravilhosos que ele nos pode porporcionar em segurança.

Vitor

5 comentários:

Gui Bruges ® disse...

Os meus sentidos pêsamos à familia e amigos...

Força Vitor, isso é uma imagem muito dificil de ultrapassar...

grande abraço

Gui Bruges

David Gonçalves disse...

Os meus sinceros sentimentos a familia e amigos..

Sergio Sousa disse...

Os meus sinceros sentimentos a familia e amigos...
sem palavras,um abraço Vitor


Sérgio Sousa

Anónimo disse...

Na semana passada, também faleceu um jovem chamado Fábio, com as qualidades daquele que descreve no sei poste. Que estranho.

Fernando Encarnação disse...

Vitor, triste testemunho, dura realidade...

Valerá a pena refletir sobre isto, e sobre os possiveis perigos que espreitam quando frequentamos o mar...

Cumprimentos